segunda-feira, 28 de maio de 2007

 

MOTIVO

.
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Autor: CECÍLIA MEIRELES
Edição de: Global Editora - Brasil
Colecção: Melhores Poemas

Etiquetas:


quinta-feira, 24 de maio de 2007

 

O SÉTIMO VÉU

Lar é onde se acende o lume e se partilha a mesa e onde se dorme à noite o sono da infância.
Lar é onde se encontra a luz acesa quando se chega tarde.
Lar é onde os pequenos ruídos nos confortam: um estalar de madeiras, um ranger de degraus, um sussurrar de cortinas.
Lar é onde se discute a posição dos quadros, como se eles ali estivessem desde o princípio dos tempos.
Lar é onde a ponta desfiada do tapete, a mancha da humidade no tecto, o pequeno defeito no caixilho, são imutáveis como uma assinatura conhecida.
Lar é onde os objectos têm vida própria e as paredes nos contam histórias.
Lar é onde cheira a bolos, a canela, a caramelo.
Lar é onde nos amam.

Rosa Lobato Faria
No livro: O Sétimo Véu
De: Edições ASA

Etiquetas:


domingo, 20 de maio de 2007

 

JOSÉ PAIS

.
NOTAS BIOGRÁFICAS

Natural de Vila Nova de Foz Côa.
Reformado do Exército por ferimentos em combate, cumpriu quatro comissões, na guerra do ex-Ultramar, entre 1961 e 1972.
Assistiu à invasão de Goa, onde ficou presioneiro de guerra durante meio ano.
Foi ferido em combate, primeiro em Nambuangongo, em Angola, depois em Farim, na Guiné, com três anos de internamento hospitalar.
Executou funções na Protecção Civil, que fundou, em Portugal e na estrutura civil NATO.
Participou no 25 de Abril, no 28 de Setembro e, com os Comités de Defesa da Liberdade, no 25 de Novembro.
Fundador e líder da Associação dos ex-Prisioneiros de Guerra da Índia e Timor. Lidera também a Associação Portuguesa dos ex-Combatentes da Guiné.
Da sua vasta experiência no comando de tropas em combate, portuguesas e africanas mandingas e muçulmanas, nasce um extraordinário livro que relata factos verídicos, alguns imensamente dramáticos, intitulado "HISTÓRIAS DE GUERRA" - Editora Prefácio -.

Etiquetas:


quarta-feira, 16 de maio de 2007

 

Sete Anos

.
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora
Como se a não tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta vida.

Autor: LUÍS VAZ DE CAMÕES
Do livro: Sonetos de Camões
Editora: Assírio e Alvim

Etiquetas:


sábado, 12 de maio de 2007

 

ROSA LOBATO FARIA

.
.
Nasceu em Lisboa em Abril de 1932.
Poeta e romancista, o essencial da sua poesia está reunido no volume Pemas Escolhidos e Dispersos, de 1997. Em 1999, na ASA, publica A Gaveta de Baixo, um longo poema inédito acompanhado por aguarelas do Pintor Oliveira Tavares.
O seu primeiro romance, O Pranto de Lúcifer, veio a público em 1995. Seguiram-se-lhe Os Pássaros de Seda (1996), Os Três Casamentos de Camila S. (1997), Romance de Cordélia (1998), O Prenúncio das Águas (1999, Prémio Máxima de Literatura em 2000), A Trança de Inês (2001) e o Sétimo Véu (2003).
Com os seus dois primeiros romances já traduzidos na Alemanha, a autora - hoje uma referência obrigatória da nova ficção portuguesa - viu recentemente o Pronúncio das Águas traduzido em França, com a prestigiada chancela das "Editiond Métailié".

Etiquetas:


terça-feira, 8 de maio de 2007

 

ESTRANHO À TERRA



Título Original: STRANGER TO THE GROUND
Autor: RICHARD BACH
Tradução: Sophie Penberthy Vinga
Editor: Francisco Lyon de Castro
Publicações Europa-América


O mundo da aviação é uma das actividades do homem mais difíceis de expressar por palavras. Poucos livros o conseguiram e mais rara ainda é a obra que, tudo indica, é já um clássico sobre os homens que percorrem as regiões superiores da Terra.
Richard Bach dá-nos um livro revelador e impressionante que se vai juntar às obras de Saint-Exupéry e dos poucos autores de eleição que tão eloquentemente falaram por todos os pilotos de todo o mundo.
Os complicados instrumentos de bordo de um avião de combate são um labirinto que frequentemente desmotivam o leitor.
Estranho à Terra é um único voo, medido em horas. Mas é igualmente uma vida inteira a voar, arrebatadoramente bela e magistralmente contada.

Etiquetas:


sábado, 5 de maio de 2007

 

Dia da Mãe

.
.
Vamos comemorar o dia dedicado às mães. Se bem que, na minha opinião, o «dia da mãe» deva ser todos os dias. Mas estabeleceu-se que o primeiro domingo de Maio seria o dia especialmente destinado a homenagear as mães.
Com o consentimento prévio do autor, o meu amigo VITOR , transcrevo este soneto de homenagem a todas as mães.

ÀS MÃES
.
A mãe é p'ra cada um
O maior ser, de excepção,
Com lugar no coração,
Mais sagrado que nenhum.
.
A mãe é, por mil razões,
O padrão do Universo,
Mesmo quando controverso
Seu saber e decisões.
.
São angústias que supera,
Desencantos, mágoas, vícios,
P'lo carinho que nos tem.
.
Desde o ventre, que nos gera,
Não se poupa a sacrifícios,
Porque mãe, é sempre MÃE
.

.
Vítor Cintra
No livro: ECOS

Etiquetas:


terça-feira, 1 de maio de 2007

 

INÊS DE CASTRO


Título Original: INÊS DE CASTRO

Autora: MARIA PILAR QUERALT DEL HIERRO

Tradução: Saul Barata

Editora: Editorial Presença

Naquela manhã brumosa em que Inês, com apenas dez anos, contempla os contornos do castelo de Penafiel, ao lado da ama que a acompanhará até ao último dos seus dias, contempla também, sem o saber, o cenário onde terá início o primeiro acto de uma tragédia que ficará para a história como uma das mais belas histórias de amor de sempre, inalterada no seu imenso fascínio.

A ama, inocente do seu peso trágico, pronuncia as palavras que o destino se encarregará de fazer cumprir - «um príncipe amar-te-á pelo teu colo de garça e pelos teus cabelos loiros e as tuas fontes virão a ser cingidas por uma coroa real». -

Em Penafiel Inês e Constança tornar-se-ão irmãs de alma, unidas por uma mesma fortuna. E se um dia mais tarde o príncipe português virá a respeitar Constança, já sua mulher, pela sensatez e serenidade do seu caracter, amará perdidamente Inês pelo fogo arrebatador do seu temperamento: «Inês era a força da cascata, o rumor do mar enraivecido, o roçar do vento quando o cavalo se lança a galope».

A mesma dor culposa dilacera os espíritos dos dois amantes, incapazes de resistir ao ímpeto amoroso que os consome e lhes dá a razão de viver, agastados pelo estatuto de traidores a que esse mesmo sentimento os condena e que tem por vítimas não apenas Constança, mas aqueles três seres que a sorte caprichosa e insensata havia de juntar por caminhos tão tortuosos. A morte de D. Constança afasta momentaneamente os amantes, mas será então que Pedro e Inês irão viver, no esplendor idílico da Quinta das Lágrimas, as horas mais felizes do seu infortunado amor «naquele engano de alma, ledo e cego,/ que a Fortuna não deixa durar muito».

Mas o destino inflama já nos corações de alguns nobres da corte portuguesa as facas da ambição, as mesmas lâminas sacrílegas que haverão de manchar de sangue o esbelto pescoço de Inês e de remorso a consciência de D. Afonso IV.

A aura de mistério e romantismo que envolverão para sempre a figura de Inês de Castro, a sua beleza lendária, a poesia trágica da sua vida foram magistralmente captadas pela pena de Maria Pilar Queralt del Hierro, numa obra que perdurará, certamente, na memória de cada leitor.

Etiquetas:


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]