domingo, 29 de julho de 2007

 

A VIDA DE UM OPERÁRIO NUM PAÍS DE LESTE

.
TÍTULO: SALÁRIO À PEÇA
Autor: MIKLÓS HARASZTI
Título Original: DARRABÉR
Traduzido do húngaro por: Judit Svaradja e Joel Aizac
Traduzido do francês por: Miguel de Araújo
Editora: «Livros do Brasil» Lisboa
.
Da mesma forma que a história dos povos nos é apresentada em duas verdades - a do vencedor e a do vencido - também a vida laboral nos é patenteada sob dois prismas de realidade divergente - a do subordinado e a do dirigente -. Nesta obra de Miklós Horaszti, operário num país de Leste, vive-se a realidade do trabalhador dominado pelo patrão «Estado-Todo-Poderoso».
Porque se trata de factos vividos, esta obra merece cuidada análise por parte do leitor advertido. O panorama da actividade laboral nos vários países do mundo, variando segundo a ideologia dos plúrimos regimes governantes, torna-se documento essencial na estruturação de um mais perfeito destino da Humanidade.
Miklós Haraszti trabalhou como operário na Hungria, sua terra natal, designadamente como fresador na fábrica de tractores «Estrela Vermelha».
Descreve-nos com palpitante realismo o trabalho fabril nos países de Leste, o nível de vida e os problemas laborais dos trabalhadores. Analisa o sistema de salário proporcional ao número de peças produzidas, considerado por Karl Marx "o mais conveniente para o processo de produção capitalista" e, contudo, adoptado naqueles países, como constituindo "o salário socialista por excelência", já que induzia todos os trabalhadores a produzirem cada vez mais para engrandecimento do Estado totalitário.
Como testemunha directa da divergência remanescente no Estado socialista, entre as classes trabalhadora e directiva, o autor desvenda a resistência operária ao sistema vigente, os métodos usados pelos organismos estatais para obtenção de um progressivo aumento de produção e preconiza o que poderia ser uma verdadeira sociedade socialista, se pudessem ser solucionados os vícios de uma orgânica laboral, tão distante da almejada perfeição.

Segundo nota do editor, aposta em contracapa, este livro é de
VENDA INTERDITA NA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Etiquetas:


quinta-feira, 26 de julho de 2007

 

CARTA DE UMA MÃE

...
Ainda sobre o acidente aéreo, com um avião da TAM no aeroporto de Congonhas, em S. Paulo - Brasil, ESTADAO publicou e HIPPOS reproduziu, a carta, que a seguir transcrevo dispensando-me de comentários.
. ..
Aos governantes e a famIlia brasileira,
.
Perdi o meu unico filho.
...
Ninguem, a nao ser outra mae que tenha passado por semelhante tragedia, pode ter experimentado dor maior. Mesmo sem ter sido dada qualquer publicidade a missa que ontem oferecemos a alma de meu filho, Luis Fernando Soares Zacchini, mais de cem pessoas compareceram. Em todos os olhos havia lagrimas. Lagrimas sinceras de dor, de saudade, de empatia. Meus olhos refletiam todos os prantos derramados por ele, por mim, por seu filhinho, por sua esposa, por todos parentes e amigos. Por todos os sacrificados na catastrofe do Aeroporto de Congonhas.
...
HA muito eu sabia que desastres aereos iriam acontecer. Sabia que os voos neste pais nao oferecem seguranca no ceu e na terra. Que no Brasil a voracidade de vender bilhetes aereos superou o respeito a vida humana. A culpa e lancada sobre um numero insuficiente de mal remunerados operadores aereos ou sobre as condicoes das turbinas dos avioes. Um Governo alheio a vaias e responsavel pelo desmonte de uma das mais respeitaveis e confiaveis empresas aereas do mundo, a VARIG, em beneficio da TAM, desde entao, a principal provedora de bilhetes pagos pelo Governo. Que a opiniao publica e desviada para supostos erros de bodes expiatorios, permitindo aos ambiguos incompetentes que nos governam continuarem sua acao impune.
. ..
Que nossos aeroportos nao tem condicoes de atender a crescente demanda de voos cujo preco e o mais caro do mundo. Quando os usuario aguardam uma explicacao, a falta de respeito ao cidadao juntam-se o escarnio e a cruel vulgaridade de uma ministra recomendando aos viajantes prejudicados que relaxem e gozem. Assuntos de alcova nao condizentes com a reta postura moral e respeito exigidos no exercicio de cargos publicos. Assessores do presidente deste pais eximem-se da responsabilidade e do compromisso com a seguranca de nosso povo exibindo gestos pornograficos. Gestos mais apropriados a bordeis do que a gabinetes presidenciais. Ao inves de se arrependerem de uma conduta chula, incompativel com a dignidade de um povo doce e amavel como o brasileiro, ainda alardeiam indignacao, unico sentimento ao alcance dos indignos. Aqueles que deveriam comandar a responsabilidade pelo trafego aereo no Brasil nada fazem exceto conchavos. Aceitam as vantagens de um cargo sem sequer diferenciarem caixa preta de sucata. Tanto que oneraram e humilharam o pais ao levar o material errado para ser examinado em Washington. Essas sao as mesmas autoridades agraciadas com louvor e condecoracoes do Governo em nome do povo brasileiro, enquanto toda a nacao, no auge de sofrimento, chorava a perda de seus filhos.
...
Tudo isto eu sabia. A mim, bastava-me minha dor, bastava meu pranto, bastava o sofrimento dos que me amam, dos que amaram meu filho. Nenhum choro ou lamento iria aumentar ou minorar tanta tristeza. Dores iguais ou maiores que a minha, de outras maes, dos pais, filhos e amigos dos mortos necessitam de consolo. A solidariedade e amor ao proximo obrigam-nos a esquecer a propria dor.
...
Nao pensei, contudo, que teria de passar por mais um insulto: ouvir a falsidade de um presidente, sob a forma de ensaiadas e demagogicas palavras de conforto. Um texto certamente encomendado a um habil redator, dirigido mais a opiniao publica do que a nossos coracoes, ao nosso luto, as nossas vítimas. Palavras que soaram tao falsas quanto a forcada e patetica tentativa que demonstrou ao simular uma lagrima. Nao, francamente eu nao merecia ter de me submeter a mais essa provacao nem necessitava presenciar a estupida cena: ver o chefe da nacao sofismar um sofrimento que nao compartilhava conosco.
...
Senhores governantes: ha dias vejo o mundo atraves de lagrimas amargas mas verdadeiras. Confundem-se com as lagrimas sinceras e puras de todos os coracoes amigos. Ha dias, da forma mais dolorosa possivel, aprendi o que e o verdadeiro amor. O amor humano, o Amor Divino. O amor e inefavel, o amor e um sentimento despojado de interesse, nao recorre a histrionicas atitudes politicas.
. ..
Nao jorra das bocas, flui do coracao!
. ..
E que Deus nos abencoe!
. ..
Adi Maria Vasconcellos Soares
. ..
Porto Alegre, 21 de julho de 2007.

Etiquetas:


segunda-feira, 23 de julho de 2007

 

SONETO A QUATRO MÃOS

.
Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

Vinícius de Morais
Livro de Sonetos
Editora: Companhia das Letras

Etiquetas:


quinta-feira, 19 de julho de 2007

 

MIGUEL TORGA

.

Adolfo Correia da Rocha nasceu em São Martinho de Anta, Trás-os-Montes, no dia 12 de Agosto de 1907.
Miguel Torga é o pseudónimo literário pelo qual ficou conhecido.
Considerado um dos mais importantes autores portugueses contemporâneos, a sua obra está traduzida em diversas línguas.
Durante muitos anos, porém, Miguel Torga foi editor dos seus próprios livros.
Formado em Medicina pela Universidade de Coimbra, foi colaborador da revista 'Presença' e director das revistas 'Sinal' e 'Manifesto'.
Foi distinguido, em 1976, com o Grande 'Prémio Internacional da Poesia' das Bienais Internacionais de Knokke-Heist. Em 1980 recebeu o 'Prémio Morgado de Mateus'. Em 1981, na Alemanha, é-lhe atribuído o 'Prémio Montaigne'. Em 1989, é distinguido com o 'Prémio Camões'.
Em 1992 recebe os prémios 'Vida Literária' da Associação Portuguesa de Escritores e 'Figura do Ano' da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira
Miguel Torga faleceu em 17 de Janeiro de 1995.

Etiquetas:


segunda-feira, 16 de julho de 2007

 

O ADVOGADO DO DIABO

.
Autor: MORRIS L. WEST
Título Original: THE DEVIL'S ADVOCATE
Tradução: Mário-Henrique Leiria
Editora: Livraria Clássica Editora

Na Calábria, ao sul da Itália, aparece de súbito um culto não oficializado em torno da memória de Giacomo Nerone, suposto santo e mártir.

O bispo de Valenta ordena então um inquérito com fim a uma possível introdução à causa da canonização.. Blaise Meredith, um padre inglês, é designado pelo Vaticano para actuar como Advogado do Diabo: o homem cuja função é encontrar e tornar público qualquer possível peça de convicção contra o candidato às honras da canonização.

Meredith, «homem com o pó das bibliotecas no coração», encontra-se então envolvido numa teia de medo e intiga, tecida por aqueles que conheceram pessoalmente Giacomo Nerone: a amante que lhe dera um filho, um médico judeu, um padre senil e a Condessa, rica e bela inglesa que tem qualquer coisa a esconder.

E a investigação de Blaise Meredith não só faz surgir a verdade acerca de Giacomo Nerone, como conduz o próprio Meredith a uma intensa e dramática solução dos seus próprios problemas de sacerdote e de homem.

Etiquetas:


sexta-feira, 13 de julho de 2007

 

5ª LINHA E 5ª FRASE

.
No passado dia 6, a nossa amiga SONY , lançou-me como desafio, a incumbência de transcrever e comentar a 5ª linha da página 162 do livro que estou a ler.
No dia 10, foi a nossa amiga SONHADORA quem me lançou idêntico desafio. Só que desta vez trata-se de transcrever e comentar a 5ª frase da página 161 do livro que estou a ler.
Porque é que num caso é a 5ª linha da página 162 e no outro é a 5ª frase da página 161, não sei dizer. Mas essa diferença impossibilita-me a hipótese do "dois em um".
Vou começar por vos dizer que o livro que estou a ler se intitula: O ANEL - A Herança do Último Templário da autoria de Jorge Molist.
A 5ª linha da página 162 diz: "...Artur conseguia animar-me, uma vez que o meu ânimo andava muito por baixo por..."
A 5ª frase da página 161 diz: "A discussão com Enric por causa das tábuas e a discordância quanto ao crescente poder de Alícia aconselhavam a isso."
Fora do seu contexto estes excertos nada significam. Enquadrá-los seria fastidioso, certamente. Um resumo da história será muito mais útil e lógico.
E a história conta:
"Cristina é uma advogada que reside em Nova Iorque desde os doze anos. Na noite em que celebra o seu vigésimo sétimo aniversário recebe das mãos do seu namorado um anel de noivado. Nessa mesma noite, e ainda durante a festa de aniversário, aparece um estranho mensageiro que lhe entrega um embrulho de um remetente anónimo. Quando o abre encontra outro anel, muito singular, no qual brilha um rubi incrustado.
Sob a influência desse estranho anel, a jovem regressa a Barcelona, cidade onde nasceu e que abandonou ainda em criança. Cristina iniciará uma viagem pela costa mediterrânea que lhe permitirá reencontrar o seu passado enquanto enfrenta misteriosas personagens, segredos de família inconfessáveis, o seu primeiro amor, lojas herméticas e uma enigmática herança que exige decifrar chaves ocultas relacionadas com o trágico destino do último Templário. Ao longo desse périplo físico e espiritual, receberá uma profunda lição sobre a vida, o amor e a morte que modificará para sempre o seu destino e a sua visão do mundo."
.
O humor, a intriga e o romantismo conjugam-se neste apaixonante e rigoroso romance histórico que nos aproxima tanto dos mistérios da Idade Média como das nossas inquietações contemporâneas.
.
Gostaria de ver continuidade em qualquer destas correntes. Diferentes embora, na abordagem, não se distanciam no que respeita à finalidade, ou seja, dar a conhecer o tipo de leitura que cada um prefere. De qualquer modo, importante é ler, independentemente das preferências. E, sendo assim, vou propor que, peguem, ou na 5ª linha da página 162, ou na 5ª frase da página 161, de acordo com o que mais lhes agrade, os seguintes amigos:

Ilhas do Mar
Viagens na Aldeia
Oficina de Palavras
Um Poema de Vez em Quando
Letras Soltas
No Silêncio das Palavras

Etiquetas:


segunda-feira, 9 de julho de 2007

 

ERROS MEUS

.
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que para mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos
Oh, quem tanto pudesse que fartasse
Este meu duro génio de vingança!

Autor: LUÍS DE CAMÕES
Do livro: Sonetos de Camões
Editora: Assírio e Alvim

Etiquetas:


quarta-feira, 4 de julho de 2007

 

Carta para meu filho Madyo Dawany

.
Hoje cheguei e não havia o teu sorriso reconfortando-me. Fiquei triste e sem coragem como se fosse do teu tamanho, assim pequenino. Não é possível tu estares comigo e isso rouba-me o coração.
Este desejo de te querer junto a mim é um desejo egoísta, eu sei. Quero isso mais por mim que por ti. Quando te escrevo é mais para mim do que para ti.
Faço-te esta confissão de egoísmo para que saibas, meu filho, que te amo de todas as maneiras que sei amar. E mesmo assim sinto que não sei amar, que me falta estar vivo. Saberás do que falo quando desvendares alguns mistérios do mundo. Assim crescerás à medida do teu sonho.
Quero que respeites esta insuficiente maneira de amar dos homens do meu tempo. E que ames tudo aquilo que os homens antes de ti construíram por amor a outros homens, mesmo que o tenham feito incompletamente. E que recordes que por trás de cada coisa transformada há sempre uma gota de sangue: tudo resulta da luta, mesmo que essa luta tenha sido apenas interior e aparente.
Sentirei que a minha vida se desdobra como a onda que mesmo desfeita se renova. Sentir-me-ei como a onda que sabe que depois de desfeita se prolongará no eterno movimento dos homens lutando e construindo por amor aos outros que nem sequer conhecem.

MIA COUTO
Do livro: Raiz de Orvalho e Outros Poemas
Editora: Ndjira

Etiquetas:


domingo, 1 de julho de 2007

 

VOZES DO MAR

.
Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso delíquio d'oiro intenso,
Donde vem essa cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?...

Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?

Tens cantos d'epopeias? Tens anseios
D'amarguras? Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!

Donde vem essa voz, ó mar amigo?...
...Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade!

Autora: FLORBELA ESPANCA
Do livro: Poesia Completa
Editora: Publicações Dom Quixote

Etiquetas:


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]