domingo, 29 de abril de 2007

 

O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse, «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo,
«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu e disse,
«El-Rei D. João Segundo!»

Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes,
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»

Fernando Pessoa
No livro: A MENSAGEM
De: Assírio Alvim

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quinta-feira, 26 de abril de 2007

 

D. CARLOS I - Rei de Portugal


Título Original: CHARLES Ier Roi de Portugal
Autor: JEAN PAILLER
Tradução: Júlio Conrado
Prefácio: José Jorge Letria
Edição de: Bertrand Editora

O Regicídio continua, quase um século depois, a inspirar os analistas, dentro e fora de Portugal.
Um investigador francês, Jean Pailler, em texto que exprime mais um ponto de vista exterior à intriga doméstica, dá-nos a sua visão, ideologicamente serena e desapaixonada, dos acontecimentos que culminaram na tragédia de 1 de Fevereiro de 1908. Escrupulosamente apoiado em fontes portuguesas, este homem de letras, que cultiva com igual mestria o romance, a poesia, a escrita teatral e o ensaio, veste a pele do historiador-biógrafo para se ocupar da figura de D. Carlos e das vicissitudes políticas que marcaram o seu reinado.
Ao ampliar as fronteiras deste estudo por forma a abranger as grandes casas da nobreza ligadas à família real portuguesa, Pailler faz ascender D. Carlos I, Rei de Portugal a uma dimensão verdadeiramente europeia.
Trata-se de um livro que pode e deve ser lido por republicanos e por monárquicos, já que quem está no centro da reconstituição histórica, mais do que o monarca, é o homem, com os seus dramas, as suas insatisfações, os seus temores e os seus fantasmas.

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segunda-feira, 23 de abril de 2007

 

DESTAQUE



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Em 22 / 04 / 07


domingo, 22 de abril de 2007

 

AFRIKA KORPS

Título Original: AFRIKA-KORPS
Autor: PAUL CARELL
Tradução de: Augusto Sousa
Editora: Livraria Bertrand

A "Segunda Guerra Mundial" foi, para além da série de atrocidades e violências que, só por si, chegam para definir a guerra, ocasião para se afirmarem algumas das mais nobres qualidades humanas.
No meio do pandemónio dos tiros, dos bombardeamentos, das deportações e das fugas desordenadas, ficou espaço para uma certa ordem, para uma determinada coerência, só possíveis de conseguir se o génio ou a indómita fé de um homem de excepção as impõe.
Na "batalha do deserto", nas areias escaldantes da África do Norte, esse homem foi Erwin Rommel, um dos maiores arquitectos da moderna estratégia militar, uma espécie de monstro sagrado dos palcos de luta; essa ordem foi a retirada magistral do Afrika-Korps.
Herdeiro das velhas tradições militares alemãs, discordante das concepções terrorísticas da guerra partilhadas pelos nazis - de quem viria a ser vítima, aliás -, Rommel foi o adversário nobre e heróico, o exemplo do poder criador do homem ocidental, vinculado a um tipo de civilização que, ao contrário do que se passava na Alemanha de então, funda as suas raízes na razão e no livre curso da inteligência.
Hoje Rommel entrou na História - melhor, na lenda - e isto tanto nos corações dos seus seguidores e compatriotas como nos dos seus adversários, à cabeça dos quais se encontrava outro gigante da guerra e seu vencedor incontestado: Montgomery.
AFRIKA-KORPS é a história minuciosa de uma ilusão, a gesta de um sonho: o sonho da conquista do deserto imenso, crisol onde se decanta o heroísmo, campo-santo de bravos. Nessa aventura, quase quimérica, estampou Rommel a cor da sua imaginação, a justeza dos seus raciocínios; na verdade, toda a campanha teria sido um episódio mais a acrescentar aos mil episódios da guerra se esse exército temerário, que se chamou Áfrika-Korps, não tivesse tido como comandante este homem singular que escolheu o meio terrível da guerra para demonstrar à posteridade que o espírito humano não perece nunca, mesmo quando a terra de que se alimenta seja a areia seca do deserto e a água que o fertilize, o ódio, a obstinação e o medo.

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quarta-feira, 18 de abril de 2007

 

UMA NOITE EM LISBOA

Título Original: DIE NACHT VON LISSABON
Autor: ERICH MARIA REMARQUE
Tradução de: Maria da Luz Mota Veiga
Editora: Publicações Europa-América

Lisboa, 1942. Vive-se um dos momentos mais dramáticos da segunda guerra mundial. Os refugiados afluem a Portugal.
No cais, dois homens, ambos emigrados alemães, encetam uma estranha negociação. Um deles oferece ao outro, que de outro modo não teria meios para os conseguir, os passaportes e os bilhetes que permitirão seguir viagem, com a mulher, no barco que, com destino a Nova Iorque, parte no dia imediato. Qual o preço que terá que pagar por tão aliciante proposta? Um só e extremamente generoso: que o beneficiário se disponha a ouvir a dolorosa confissão do seu interlocutor.
Assim começa uma noite em Lisboa, longa noite em que uma história pungente é revivida através da narração amarga do seu protagonista, um judeu fugido ao terror hitleriano. Uma história de amor e de ódio, de doença e de morte, que se processa em vários pontos de um continente desvastado pela mais cruel das guerras.

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domingo, 15 de abril de 2007

 

OS 5 BLOGS QUE ME FAZEM PENSAR


'5 Blogs That Make Me Think'


Com uma referência elogiosa, que agradeço, fui indicado por Um Poema de Vez em Quando, do meu amigo Vítor, como um dos 5 blogs que o fazem pensar. Sinto-me honrado com tal distinção, até por vir de quem vem.

Com tão pouco tempo na blogosfera, sinto ser uma tarefa bastante ingrata ter que indicar cinco blogs. É que, todos, ou quase todos, os que tenho visitado me fazem pensar. De alguns, contudo, copiei um atalho para mais facilmente os poder visitar. São, portanto, esses os que, até agora, mais me fazem pensar e foi aí que baseei a escolha.

ALGUÉM ME DISSE - Sony

ALMA DE POETA - Mulher Mariense

A POESIA DE VITOR CINTRA - Vítor Cintra

ESPAÇO DE GENERALIDADES - Entre Linhas

ESTA MINHA CASA - Sonhadora

Estes amigos devem copiar o selo correspondente e afixá-lo na barra lateral dos seus blogs. De seguida devem nomear os cinco blogs que escolheram e fazer um post a nomeá-los.
Uma boa semana para todos.

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quinta-feira, 12 de abril de 2007

 

JORGE AMADO

Notas Biográficas:
Nasceu em 1912, em Itabuna - Brasil.
Estudou em Salvador, no Colégio dos Jesuítas.
Em 1927 fundou com alguns amigos a "Academia dos Rebeldes", abraçando o jornalismo.
Em 1931, com 19 anos apenas, publicou o o primeiro romance, intitulado "País do Carnaval".
Casou com Zelia Gattai, também escritora.
Faleceu na Baía, a 6 de Agosto de 2001.
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Tendo aderido ao Partido Comunista Brasileiro, chegou a ser distinguido, em 1951, com o Prémio Lenine por ter escrito, segundo os princípios do então chamado 'realismo socialista', "Os Subterrâneos da Liberdade".
O tempo e as lições da História, porém, afastaram-no definitivamente do comunismo (e - diz-se - da possibilidade de chegar ao Nobel da Literatura).
Jorge Amado é um autor que portugueses e brasileiros partilham com orgulho.
O seu lugar, inconfundivelmente único, a Baía, dá vida e cor às personagens que criou e fazem hoje parte do imaginário brasileiro. Figuras de realismo popular, poeticamente boémias, mas possuídas pelo sonho e paixão, encarnadas no negro, no velho marinheiro, na prostituta, no aventureiro, no marginal, na mãe de santo, etc., etc..
Da sua obra, rica e cativante, fazem parte, entre outros, títulos como: "Mar Morto", "Capitães da Areia", "Seara Vermelha", "Os Pastores da Noite", "Os Velhos Matinheiros". E ainda alguns adaptados a cinema e televisão, como: "Gabriela Cravo e Canela", "Tieta do Agreste" e "Dona Flor e Seus Dois Maridos".

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segunda-feira, 9 de abril de 2007

 

AOS QUE NÃO GOSTAM DE SI PRÓPRIOS


Não gostar de si próprio é uma atitude muito negativa. Se olharmos em profundidade, para além das aparências, percebemos que esse ódio resulta da ideia excessivamente elevada que a pessoa faz de si própria. Queremos a todo o preço ser os melhores e se faltar o mais pequeno detalhe à nossa imagem ideal não o conseguimos suportar. É uma forma de orgulho.
A primeira vez que ouvi falar de ódio por si próprio fiquei muito surpreendido. Perguntei-me como é possível uma pessoa não gostar de si? Todos os seres gostam de si, inclusivamente os animais. Reflectindo, apercebi-me que isso não passa de uma forma exacerbada de auto-estima.
Uma coisa é certa: se não formos bons connosco não podemos sê-lo com os outros. Para poder sentir amor e ternura pelos outros, para desejar que eles sejam felizes e não sofram, temos de começar por ter esses sentimentos por nós. Poderemos então compreender que os outros têm as mesmas aspirações do que nós, o que torna possível o amor e a compaixão. Se não gostarmos de nós não podemos gostar dos outros. Se não fizermos nada para mudar de atitude, temos muito poucas hipóteses de encontrar a paz e a alegria interior. Desperdiçamos assim a nossa vida, o que é estúpido. Talvez eu não devesse falar assim, mas a verdade é esta.
Para remediar o ódio que sentem por vós tomem consciência de terem criado uma falsa auto-imagem, e cultivem a confiança autêntica e saudável, que é baseada nas vossas qualidades humanas fundamentais. Sejam humildes e voltem-se mais para os outros.

Extraído do livro: CONSELHOS DO CORAÇÃO
Da autoria de : Sua Santidade o DALAI LAMA
Editora: EDIÇÕES ASA

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terça-feira, 3 de abril de 2007

 

A VOZ DOS DEUSES



Título Original: A Voz dos Deuses
Autor: João Aguiar
Editora: Edições ASA

No ano 147 a.C., alguns milhares de guerreiros lusitanos encontram -se cercados pelas tropas do pretor Caio Vetílio. Em princípio, trata-se apenas de mais um episódio da guerra que a República Romana trava há longos anos para se apoderar da Península Ibérica. Mas os Lusitanos, acossados pelo inimigo, elegem um dos seus e entregam-lhe o comando supremo. Este homem, que durante sete anos vai ser o pesadelo de Roma, chama-se Viriato.
Entre 147 e 139 a.C., ano em que foi assassinado, Viriato derrotou sucessivos exércitos romanos, levou à revolta grande parte dos povos ibéricos e foi o responsável pelo início da célebre Guerra de Numância.
Viriato foi um verdadeiro génio militar, político e diplomático. Mas, sobretudo, Viriato foi o defensor de um mundo que morria asfixiado pelo poderio romano: o mundo em que mergulham as raízes mais profundas de Portugal e de Espanha. É esse mundo, já então em declínio, que este livro tenta evocar.
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Um empolgante romance histórico construído à volta duma ficção (como são as memórias de Tongio, companheiro de Viriato) mas que, num estilo de escrita e estrutura literária a que o autor nos habituou, revelam um aturado trabalho de investigação histórica transposta para uma narrativa de perder o fôlego.

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domingo, 1 de abril de 2007

 

VOLTA À ZAMBÉZIA

Autor: NIZA PAIVA
Título: VOLTA À ZAMBÉZIA

Livro exclusivamente de fotografias.
Imagens duma Zambézia actual, vista pela objectiva sensível da autora, que Fernando Camecelha, no seu Prefácio, tão bem sabe enfatizar.

África Dela

Eu nunca tive uma casa em África
mas Niza teve.

Nunca vi os pássaros alvorecendo no céu ateado de luz
mas Niza viu.

Nunca andei na longa estrada com os pés encarnados molhados de terra
mas a Niza andou.

Nunca senti o cacimbo arrefecendo a madrugada azul do palmar
mas a Niza sentiu.

Nunca brinquei com o macaco pequeno no dia dos meus anos
mas a Niza brincou.

Nunca comi o fruto da mangueira doce de sol e açúcar
mas a Niza comeu.

Nunca corri nas imensidões de areia acelerado sobre a rebentação
mas a Niza correu.

Nunca ouvi o batuque avançado descontrolado pelo meu corpo
mas a Niza ouviu.

Nunca descansei à sombra da árvore grande
mas a Niza descansou

Nunca cheirei o fogo espalhando a terra e o vento
mas a Niza cheirou.

Eu nunca voltei a África
mas a Niza regressou.

Fernando Camecelha

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